quarta-feira, 25 de julho de 2018

IRENIO RAIMUNDO SANTOS

Membro-fundador da ASCLEA em 1/8/2017. Nasceu em Lagarto/SE no dia 5 de abril de 1937. A família chegou em São Cristóvão em 1943, ele contava 5 anos e seu pai, Antonio Raimundo Santos, empregou-se na Fábrica de Tecidos São Gonçalo S.A, como carpinteiro. Irenio Raimundo estudou na Escola Operária e no Grupo Escolar Vigário Barroso. Fez um curso profissionalizante no SENAI (tecelão técnico). Na parceria do irmão José Raimundo abriu loja de movelaria na cidade. 

Graças a popularidade e atuação elegeu-se vereador em 1967 e por 4 mandatos manteve-se na pasta do legislativo municipal até o ano de 1993, encerrando sua experiência política. Pelos relevantes serviços prestados a sociedade recebeu o título de cidadão sancristovense em 20 de novembro de 1997. 

Sócio fundador do Lions Clube de São Cristóvão, Irenio Raimundo muito contribuiu e ainda contribui nas áreas da cultura e da educação. Foi homenageado pela implantação do MOBRAL (5/12/1971); Recebeu diploma da Associação de Cultura e Arte de São Cristóvão - ACASC em 11 de dezembro de 1991; conquistou o diploma de amigo benfeitor da Comunidade Educacional do Lar Imaculada Conceição em dezembro de 2002. 

O poeta popular de primeira grandeza é um Doutor Honoris Causa a esperar o galardão, com humildade e humor guarda centenas poesias nas gavetas, como esta:

FRUSTAÇÃO

Sou cidadão sancristovense 
Nascido no interior 
Na vida fui quase tudo 
Só não pude ser doutor. 

Fui tecelão, carpinteiro 
Alfaiate, fui pintor 
Agricultor, marceneiro 
E também fui pescador. 

Fui gráfico, fui empresário 
Escriturário, avicultor 
Mais a coisa mais bonita 
É o homem ser doutor. 

Joguei futebol de campo 
Fui político, fui cantor 
Fui ator, fui vendedor 
Mais queria ser doutor. 

Nunca tive paixão por motos 
Caminhões, carros ou trator 
Mais sempre achei muito chic 
Na vida ser um doutor. 

Mais o tempo foi passando 
A vida foi encurtando 
As dificuldades aumentando 
Mais lhe garanto, senhor 
Bacana mesmo é ser doutor! 

JOSÉ JORGE (JOTA JORGE)* 
PATRONO / CADEIRA N. 4

Bastaria o poeta Jota Jorge deparar com algum conhecido nas estreitas ruas da nossa quadrigentenária cidade que imediatamente ele improvisava uma bucólica trova para homenageá-lo quantas vezes encontrasse aquela pessoa, e o curioso era que a versificação não era a mesma, de praxe havia inovação: Não trazia consigo nem lápis nem papel, os versos saiam de sua alma aos borbotões; as estrofes eram livres onde a sua preocupação maior era com o conteúdo, dando-se menor importância à metrificação, à rima ou a qualquer outra configuração regular. 

O saudoso amigo sancristovense era genuinamente um poeta do povo; muito prosaico, cuidou com esmero das rimas improvisadas que ao ouvi-las faziam-me transportar ao mais fidedigno cordel, tornou-se durante muitos anos figura singular na cidade. 

Jota Jorge deixou São Cristóvão ainda garoto, aos 13 anos, e foi residir no Rio de Janeiro durante 33 anos, mas para aqui retornou e se casou, morou com a família por muito tempo na Rua Cel. Erundino Prado nº 51, amiúde sempre lhe fazia visitas. Lembro-me que o poeta trabalhou no Serviço de Alimentação da Previdência Social – SAPS. Tempos depois o poeta foi trabalhar no antigo INPS (hoje INSS) pelo qual veio a se aposentar. Permaneceu aqui em São Cristóvão até ultima quadra dos anos 80 quando passou a residir na Capital. 

O poeta Jota Jorge, de compleição robusta e alta, veio ao mundo em 27 de outubro de 1926 e, nos deixou aos 80 anos num sábado 27 de dezembro de 2008. Consoante sua filha – a jornalista Claudia Jorge, assim é como ela gosta de ser chamada – asseverou, ele não fez nenhuma publicação oficial, mas seus versos estão guardados nas mentes e nos corações da família. Alguns: 

A SAUDADE
Saudades são gotas que vão e vem, 
sempre batendo no coração de alguém.

MINHA CASA 
Minha casa é um jardim, que Deus abençoou, 
nela tem cravos e espinhos, em cada quarto um amor,
dinheiro eu nunca tive, bonito também não sou, Deus é o meu Grande Mestre, nessa vida eu sou doutor.

DINHEIRO
O dinheiro do pobre é como sabão, 
quando se coloca no bolso, escorra no chão. 

MÁRCIA 
Márcia, do teu corpo eu fiz meu ninho, 
do calor o nosso amor, 
da saudade eu fiz a rosa, 
do espinho eu fiz a flor, 
a tristeza foi embora,
só restou o nosso amor. 

REMÉDIO 
O remédio cura, 
o remédio mata, 
na mata há flores e bichos, 
bichos tem amores 
e em certos amores tem bichos. 

*PS: adaptado do artigo de Roberto Silva “J. Jorge, O Menestrel Das Acanhadas e Seculares Ruas De São Cristóvão”, publicado no jornal Tribuna Sergipe Del Rey, de janeiro/fevereiro de 2017. 

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