Historiador Adailton Andrade |
A Academia Sancristovense de Letras e Artes (ASCLEA) realizou no Auditório do Museu de Arte Sacra, centro histórico de São Cristóvão, na última sexta (14/12), as “Palestras centenárias: José Augusto Garcez e Dom Adriano Mandarino Hipolito”. Após uma breve explanação do Presidente, Thiago Fragata, sobre os propósitos e projetos da agremiação fundada em 1º de agosto de 2017, o historiador Adailton Andrade foi convidado a iniciar os trabalhos.
DOM ADRIANO MANDARINO HIPOLITO |
Personalidade festejada durante todo o ano de 2018, no Rio de Janeiro, especialmente na Baixada Fluminense, Dom Adriano Mandarino Hipolito seria completamente esquecido em Sergipe, sua terra natal, não fosse a iniciativa da ASCLEA e o incansável pesquisador quem tem como patrono Armindo Guaraná. Adailton Andrade contactou pesquisadores da vida e obra do homenageado, entrevistou familiares, confrontou documentos e palestrou magistralmente para a seleta platéia que atendeu ao covite da agremiação artístico-literária.
Dom Adriano Mandarino Hypolito nasceu em 1918, em Aracaju/SE. Fez seus primeiros estudos na capital e em São Cristóvão, aonde passou infância e conheceu os franciscanos. Posteriormente estudou nos seminários franciscanos em Salvador/BA; João Pessoa/PB e Rio Negro/PR. Membro da Ordem dos Frades Menores, foi ordenado sacerdote em 18 de outubro de 1942. Virou símbolo da resistência ao regime militar e da luta pelos Direitos Humanos após violência afrontar seu bispado, no Rio de Janeiro. Sequestro, tortura, bombas e pichações fazem parte da vida desse grande personagem da história da Igreja e da Baixada Fluminense. Ao final da preleção, Adailton Andrade destacou que felizmente o que marcará sua passagem entre nós não será os tristes episódios, mas sua grande obra social.
No debate, Marcélio Bomfim, estudioso e vítima do regime autoritário implantado no país em 1964, compartilhou um pouco da sua vida. Na oportunidade, agradeceu ao convite e parabenizou ASCLEA por ser a única voz a recordar este sujeito tão importante na história do Brasil”.
Diferente de Dom Adriano, José Augusto Garcez não é festejado ou lembrado apenas no ano do seu centenário; a poetisa Maria Gloria criou a Ladeira de Poesia José Augusto Garcez em 1992, junto com Iradilson Bispo e outros amigos. Por iniciativa de Thiago Fragata, o Salão de Literatura do Festival de Arte de São Cristóvão foi batizado com o epiteto José Augusto Garcez no ano de 2005.
Na sua palestra, o Presidente da ASCLEA discorreu sobre origem, formação e militância cultural do homem que criou o Museu Sergipe de Arte Tradição em 1948 e o Movimento Cultural de Sergipe em 1953. Fragata lamentou a omissão de pesquisadores da vida e obra de José Augusto Garcez quanto a cidade natal; ele revelou que apesar da cepa familiar (Garcez) e do prestigio alcançado fora do Estado, da ampla rede de sociabilidade, O homenageado experimentou ostracismo/dissabores por questões de natureza política ou despeito de certa intelectualidade encastelada no poder. Ele encerrou sua intervenção citando trecho do recital Garcez Literoativo:
“Alguns homens ousados nascem em São Cristóvão. José Augusto Garcez foi um deles. E é por isso que Camara Cascudo, o pai do Folclore Brasileiro, disse certa feita: Se existisse um Garcez em cada Estado, Ah! Esse Brasil seria outro!”
Adailton Andrade |
Thiago Fragata |
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